9 de setembro de 2011

URUbUS






Agora era fatal,
que o faz de contas
terminasse
assim.

(Chico Buarque)





Pássaros negros escurecem
o céu, descansam na cerca
de arame farpado, outros
nas arvores enquanto
apreciam o farto banquete
exposto as moscas.

Minha presença espanta
alguns deles, mas logo
acostumam-se comigo
e voltam a se aproximar
dos bezerros mortos.

Era meu grande sonho,
enxergar beleza nos
lugares inesperados.

Tentei compartilhar a
visão renovadora com
         meus amigos.

A maioria deles se perdeu,
            até eu me perdi.

Longa estrada de terra
nossos pés te esqueceram,
a sua beira uma casinha
           velha e simples.

Aquela pequena porta
murmura pedindo para
          que a luz entre
               novamente.

As crianças na rua
e a pipa no chão.

Não há vento, mas
ele corre e corre
(inventa o vento)
até que a pipa se
canse de voar
baixo.

Alguns acordes no violão,
cantar de olhos fechados e
ouvir os renegados já era
o bastante para nos fazer
                           feliz.

O sonho morreu.

Pássaros negros escurecem
o sol num redemoinhar
sincronizado.

Pousaram, se alimentaram
dele e voltaram a voar.
Agora o sonho é a fonte
de vida que movimenta
                os pássaros.

Nunca esteve tão alto,
nunca esteve tão vivo.




Jordão Tomaz

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